A verdadeira face oculta de um tratante

Ding! Dong!

Queridjinhoãns, che-guei!

Hoje estou aqui para contar, também, sobre um medo contemporâneo. Este é bem complexo e bem comum entre as pessoas de caráter duvidoso, que é assumir a sua verdadeira sexualidade e quem ele realmente é: uma puta!

Uma vez eu tive relacionamento com um rapaz novo. Super feio, porém novo! Nunca fui adepto à "pegar criança pra criar", mas dessa vez o meu coração me obrigou.

Nos conhecemos através de um amigo em comum, que nos colocou na mesma sala de MSN Messenger. Não me senti nenhum pouco atraído por aquele rascunho do capeta, mas estava sensível, sozinho há bastante tempo e acabou acontecendo. Ah, qual é? Quem nunca fez um feio feliz? Uma palma só! (Pá!)

Sabe aqueles homossexais bem sujos? Aqueles que se dizem virgens e sem experiência nenhuma com o mesmo sexo? Que só teve uma breve "vivência" com mulher na igreja? Nossa, já conheci uns quinhentos e lá vai fumaça desses... DESULIVRI!

Enfim, eu acabei me engraçando com essa coisa, da qual me arrependo com toda certeza do mundo. (Bate na madeira três vezes e se benze três vezes também!) Acabamos nos conhecendo pessoalmente e rolou uns beijos e uns amassinhos. Para quem era virgem e sem experiência, ele logo meteu a mão na minha bunda jurando que eu praticaria ali, no primeiro dia, o coito. Eu ri, né?

Engatamos um namoro distante durante um período. Até que, um belo dia, a coisa conheceu um rapaz através do Orkut e começou a se engraçar com ele. Quando entrei no Orkut de ambos e vi aquele papinho de "Oi, gato. Quero te conhecer." "À vontade para me adicionar!", "Tem MSN?" e etc, não deu outra e desceu a fúria dos orixás em cima dos meus ombros umbandistas. Fiquei realmente muito possesso e fui tirar satisfação. "Ai, amor. você é muito ciumento e vê coisas onde não há acontecimento e interesse algum...". Sua mãe tá boa, né?!

Aquela coisa foi acontecendo e eu já estava sabendo, óbvio. Se conheceram e rolou tudo que tinha pra acontecer. Eu avisei que esses relacionamentos virtuais que começam fácil vão fácil, mas ele quis se sentir superior e eu deixei que a pequena avestruz tentasse voar por algum tempo. Planejei minha vingança e, paciente que sou, a coloquei em prática à médio prazo.

Algum tempo se passou, acho que 15 dias, e, segundo informações que obtive, o rapaz com quem ele estava curtindo se voltou contra ele. Ah, pra mim foi um prato cheio, né?

Fiquei sabendo que ele tentou fazer sujeira com o rapaz e ele não deitou, deu a volta por cima.

"Escuta aqui, seu fingido de merda. Eu sei muito bem quem você é e se você quer realmente enganar as pessoas, agora sim você vai me conhecer. Tá vendo essas fotos aqui? (mostra) Pois é, vou mostrar pra sua mamãezinha crente que você beija homem na boca e ainda que fuma escondido de todo mundo. E ainda vou te difamar no seu emprego, seu filho da puta!"


A dor da marrom...

Com medo de todos saberem sua verdadeira identidade, ele ficou noites e noites sem dormir, com o receio de que todos descobrissem que aquele menino que se fazia de santo não passava de uma putinha de cabaré e que ainda se dizia crente.

Qual era o medo, afinal? Assumir que é gay diante de uma sociedade machista e uma cidade pequena ou assumir que é uma pessoa vulgar?!?

Só sei que eu tive a minha vingança, mas isso é outra história...

Medos Contemporâneos Parte I

Numa sociedade em que o bicho homem é tão pressionado a manter a sua fama de mau (inclusive pela ala feminina),é quase inevitável que estes,mesmo quando não assumidamente gays,façam jus à imagem máscula e viril.O caso é quando a imagem não condiz com a realidade, e a farsa fica tão feia quanto fingir que gosta de mulher quando ao proferir a palavra vagina os ombros ficam arqueados e as sobrancelhas franzidas, dando sinais de que o discurso saiu pela culatra e deu bandeira.

Chamamos isto de "A Síndrome da Gaiola".Não,não adianta ficar durinho,falando grosso,dando uma de bad boy.Mais cedo ou mais tarde, a sua porção feminina há de falar mais alto.Bigode,cavanhaque,músculos de aço e peito cabeludo não vão afirmar por muito tempo a sua masculinidade,que está muito mais envolvida com o fator "maturidade" do que gestual.Ora, homem que é homem precisa ficar o tempo todo se afirmando?Isso é coisa de gente mal resolvida.

Mas voltemos ao assunto do tópico, o medo contemporâneo.Medo este que se resume ao assumir esta porção "colorida" que deixa o homem numa posição extremamente incômoda.Não para todos, mas para aqueles que tem vida dupla, que precisam se esconder atrás de casamentos e relacionamentos forjados pra fazer a linha hetero.Inclusive até filhos tem pra disfarçar...Como se de fato, ninguém soubesse.

Temos um amiguinho que há pouco tempo atrás se dizia bissexual, e que lidava com esta dualidade de forma natural,e que fazia o maior sucesso nas duas áreas.E que tinha um filho lindo e loirinho que era o terror entre as jovenzinhas.Reforçava por demais a sua porção máscula inclusive na cama.Podia até se roçar num macho, mas não liberava a rodela de jeito nenhum.Hiperativo.E ai de quem duvidasse!Fazia a maior pose no Orkut tirando fotos sem camisa expondo o peito nú que nem o Freddy Mercury com muitas caras e bocas,brincando com o nosso imaginário,se auto-intitulando um cachorrão safado,daqueles de deixar a gente suado com a língua de fora pedindo mais.

Até que um dia apareceu um vídeo dele dando uma entrevista num programa local de TV.Para a nossa surpresa(ou melhor,desgosto) o cara era a maior pão com ovo, mariconíssima.Falava fino,desmunhecava e ainda brincava de boneca.Não sabíamos pra quem passar essa batata quente.E ficamos assim,entre o escárnio e a Wanessa Camargo..."O mundo caiu".Pra nós.E pra ele.Porque desde então,nunca mais o tratamos da mesma forma.

Daí vem a pergunta:Adiantou disfarçar esse tempo todo pra quê?Aí vem o medo contemporâneo se reafirmar pra quem logo de cara não disse qual era a sua,tipo a mancada que a Terezinha deu naquela música da Elis Regina.E quá-quá-quá-rá-quá-quá quem riu fomos nós.


"Pois sim...Eu tenho muito o que zelar que é pra não dar o que falar de mim." - Ney Matogrosso/1983